Carga Viral
|
|
Posted: 05 Mar 2013 09:14 PM PST
Descrição
da imagem: material de campanha com o belo deputado em primeiro plano e
propaganda da então candidata Dilma Roussef ao fundo.
Foi
essa a justificativa para as mensagens homofóbicas e racistas postadas
nas redes sociais pelo pastor Marcos Feliciano, virtual presidente da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Função recebida, é
sempre bom que se cite a origem do mal, graças ao acordo de
governabilidade da atual gestão federal com os segmentos mais
fundamentalistas da política brasileira. Nesse simples post ele deixou
clara sua postura higienista ao afirmar que irá acabar com os
privilégios dos gays e que os africanos são amaldiçoados. Um belo e
vaidoso rapaz, que diz ser um homem de Deus e que foi eleito para
representar uma parcela da população, acha banal uma pessoa em sua
posição declarar princípios nazi facistas e ainda tem a ousadia de se
comparar a Martin Luther King, que também era pastor. Ele apenas se
esquece de uma sutil diferença entre ambos: o pastor Martin lutava pela
ampliação de direitos enquanto o pastor Marcos tem como fé a restrição
dos mesmos.
Os
valores fundamentalistas do pastor Marcos parecem-se mais com os
defendidos nos anos setenta pela cantora gospel norte americana Anita
Bryant que, com o argumento 'Salvem nossas crianças', arregimentou
forças por todo o país a fim de banir legislações inclusivas e punir
com despejo e demissões sem justa causa todos que não fossem
heterossexuais ou que os apoiasse. O primeiro passo ele já deu, irá
'tocar pra frente' o projeto de sua autoria propondo um plebiscito para
a questão da união civil entre pessoas do mesmo sexo. As últimas
eleições também deram o mesmo alerta, houve um crescimento brutal nas
bancadas fundamentalistas, movidas pela vulnerabilidade ou
conveniência de muitos e esperteza de alguns. Mercadores que deturpam o
sentido da Palavra para satisfazer seus interesses pessoais e,
sobretudo, defender a supremacia machista.
Lembro
de ter lido um texto do deputado federal João Campos, líder da Frente
Parlamentar Evangélica, onde o mesmo não poupava críticas ao PL 122 e
ao movimento LGBT, como de hábito. No entanto, a partir de determinado
ponto, ele passa a desferir seus golpes naquele 'que está por trás do
movimento LGBT, o famigerado feminismo'. Domine a mulher e você
dominará o mundo, reza a bíblia deles. Comece imputando-a a origem do
pecado, daquilo que é impuro por natureza, depois é só mantê-la atrás
do grande homem, em sua ilusão de estar sendo uma grande mulher. Mas a
bola da vez somos nós, povo do arco íris. Cuja apreensão chegou ao fim,
agora virou um pavor pela velocidade que conquistas histórias estão
sendo suprimidas (censura à campanha LGBT para o carnaval) ou ameaçadas
(decisão do STF favorável à união civil).
Mas
há uma luz no meio das trevas. A mesma Anita Bryant foi
surpreendentemente derrotada, pois era considerada favorita com seu
argumento preconceituoso de fácil absorção. Seu projeto para salvar as
crianças foi rejeitado graças a uma ação promovida pelo saudoso
ativista e político Harvey Milk e que está somente em nossas mãos:
sairmos do armário. Mostrar a nosso colega de trabalho que somos gays e
continuamos a ter os mesmos valores que ele tanto admira e a nossa
família que ainda somos filhos e filhas, pessoas de bem. Que os alunos
não viraram gays por conta da professora lésbica ou que o médico gay
não interferiu negativamente em sua vida por causa daquela cirurgia. O
bombeiro que salva vidas heroicamente, o policial que prendeu o invasor
de sua casa, o militar que defende nosso país.
Espero
que as pessoas que coadunam com as idéias do pastor metrossexual não me
levem a mal por minhas convicções, isso aqui também é só um post. Mas,
ao contrário do seu que é recheado de ódio e ignorância, esse aqui é
angústia até o pescoço. Angústia de ver líderes de uma vertente do
cristianismo que não arrebanha nem 1/8 da população mundial e acha que
são as suas idéias que devem reger as leis e os sistemas de direitos.
No
mínimo, essas pessoas devem achar que quando o Senhor disse 'amai-vos
uns aos outros como eu vos amei', não deve ter sido nada sério.
Foi só um post, diriam.
Beto Volpe